Sempre se fala da educação como fonte do desenvolvimento humano, aliada à ciência e à tecnologia. Não há o que questionar a respeito dessa importância; e quando há questões, são sempre para que educação e ciência sejam cada vez mais inclusivas e éticas. Esse desenvolvimento, no entanto, não é restrito somente às escolas. É dever de todos, da família, dos órgãos públicos e religiosos, dos meios de comunicação, e até neste lugar pouco lembrado, quando se fala sobre educação: as empresas também são ambientes de desenvolvimento das competências, habilidades e potencialidades.
Há um “conhecimento geral”, que se adquire no convívio nas empresas, e que acontece também nas escolas (fora dos livros), ou nos eventos culturais (fora das obras e apresentações): o conhecimento do dia a dia, de interpessoalidade, da troca de informações, que é parte da compreensão do funcionamento da sociedade, do bom convívio e da organização ao mesmo tempo harmoniosa e complexa da rotina, tendo a justiça como pano de fundo. E que nos diferencia dos outros animais e nos torna conscientes da nossa própria existência em grupo. Algumas questões são filosóficas, inclusive. E há outro conhecimento, de cunho mais específico, que é o aquele elaborado a partir da necessidade de cada um desses ambientes. O das empresas, como os outros, têm seu modo de funcionamento próprio.
Cada empresa tem seus objetivos, seus procedimentos, sua função, e é responsabilidade dela o desenvolvimento das habilidades referentes às várias funções que fazem parte da sua organização. Atrelado, obviamente, às bagagens profissionais e culturais dos seus funcionários, o ensino-aprendizado observado nas empresas colabora imensamente para o crescimento e evolução de todos os aspectos vitais dos municípios e do país: os econômicos, os políticos, os sociais, os tecnológicos… E os sociais, já que para a maioria das pessoas os principais locais de convivência, onde passam mais tempo, além da casa, são o local de trabalho e a escola.
A Formação Profissional Especializada pode parecer que é pensada, por ser sob medida, para funcionar somente na empresa em questão, em um contexto específico, estrito. Mas muitos pontos de vista podem ser ajustados, muitas questões podem surgir e adaptações podem ser feitas a partir de um esquema sob medida. Quer dizer, se nós levamos para as empresas conhecimentos de vida que funcionam para seus processos, por que não o contrário?
Por isso, não são duas coisas opostas: sob medida não significa exclusiva. Ter a exata dimensão do que uma empresa precisa, suas necessidades urgentes e em longo prazo, e suas melhores qualidades e suas deficiências, é fundamental para que não só soluções sejam criadas para possíveis ou reais problemas, mas para que as melhores ideias aconteçam sem que necessariamente seja preciso que uma dificuldade exista antes. É como ter os móveis que você mais gosta e que combinem com os cômodos e suas funções, ter a iluminação e disposição que mais lhe conforte e ter as melhores pessoas da sua vida vivendo sob seu teto. As chances de as coisas fluírem em conformidade com o que a casa precisa são diretamente proporcionais ao olhar sob medida para aquele ambiente. E com uma empresa não é diferente.